sexta-feira, 1 de maio de 2009

O recomeço da Pesquisa do Palhaço



Fiquei fora do ar. Muita coisa. Mudei de Santa Catarina para uma cidade chamada SINOP, no Mato Grosso. Entre todas as emoções da mudança, é hora, ainda que timidamente de recomeçar a pesquisa do palhaço.
Por 30 dias (e se há passado uma semana) trabalharei numa creche para substituir uma professora que necessita reestabelecer sua saúde. Em meio à angústia da realização de um trabalho que não desejo, lembro do palhaço e resolvo aproveitar para pesquisar: pedagogia do teatro e a linguagem do palhaço. A professora de teatro e a artista.
Comecemos:
Público: crianças de 2 e 3 anos, meus alunos da creche.



As primeiras questões a serem experimentadas:
Terão medo da roupa?
Colocar ou não o nariz de palhaço?
Na verdade a segunda pergunta me inquieta desde quando eu e Lia contamos história em nossa primeira experiência juntas no palco.
Quando é que estou fazendo um espetáculo de palhaço e quando estou fazendo um espetáculo de contação?
Nessse momento acho que faço mais contação que palhaço. Sempre usei artifícios do palhaço. na contação, só me dei conta com o encontro com a linguagem do clown. Hoje eles são mais conscientes:
1- lutar para não perder a atenção do público. Isto implica usar "cartas" e quando não funcionar, mudar a tática. (mudei de plano, intensifiquei gestos, inseri frases,t oquei no corpo deles, abri para intervenção que percebi que vinha, tudo para garantir que estivessem comigo). Nesse sentido a criança pequena é um bom laboratório, pois eles tem pouca capacidade de concentrar-se numa mesma coisa, sobretudo nos dias de hoje.
2- apoiar-se numa pessoa do público que foi cativada.
3- olhar no olho
4- fisicalizar pensamentos e emoções.
Mas ainda falta a grande aquisição do curso do Ésio: a triangulação.
Pois bem, voltando à questão palhaço e contação... acho que ainda faço contação porque o eixo que move a apresentação é a história e na linguagem do palhaço isso poderia ser apenas o "mote" e eu, como disse Lia certa vez, poderia nem mesmo terminar a história, poderia emendar com outra se ali ouvesse espaço, poderia inventar uma outra. A história seria o motivo pelo qual eu estaria ali, a desculpa, mas não o motivo fundamental e imutável.

E como eles reagiram?
Em primeiro lugar, não entrei maqueada. Me maqueei na frente deles. Passo-a-passo. Professora de teatro e artista. Ali eles viam como no teatro alguém entra em um estado de representação em que já não é exatamente a pessoa cotidiana...
Mas nenhum riso foi arrancado. Entendo que a função do palhaço não tem por obrigatoriedade provocar o riso. Mas vale guardar essa pra pensar e observar nas experiências.
Eles estiveram comigo todo o tempo, mas penso que nem tudo foi mérito da técnica, parte deve-se à maquiagem e figurino e à tranformação que viram acontecer da professora de creche que virar um palhaço. "-Não! Não é palhaço! É palhaça!"- corrigia o Guilherme.
Talvez essa (o não riso) seja também uma das características da recepção espetacular de ciranças muita pequenas: eles levam muito a sério o que lhes é exposto.
talvez... observar mais.
Características:
1. eles levam muito a sério (será?)
2. eles riem mais dos movimentos do corpo do que qualquer jogo dado pela fala. (aqui também mora o palhaço: fisicalização das idéias e o palhaço depende do COMO se faz as coisas e não do QUE SE DIZ)
3. por isso também: a narração, a história, não 'deve' ter muitos detalhes, nuances...
4. não se deixar afetar por um jogo, onde a ação das crianças encontram resposta no palhaço logo de começo. Esse erro eu cometi muito no percurso da contação de história desde o Patati-Patatá. É quando uma criança, por exemplo, resolve atirar na bruxa que você apresenta. Se eu reagir num jogo de "Oh! ui atingida, vou morrer! e pufo! cair no chão" não conseguirá fazer mais nada porque não apenas essa, mas outras crianças se dedicarão a atirar infinitamente porque percebem que são escutados. Mas como não ignorar? . Na experiência de hoje, fui com clareza de experimentar evitar esse momento de reação antes do final da apresentação. ela pode até haver, como soube notícias de um espetáculo de Ilo Krugle, mas num momento em que não haja mais tanta necessidade da atenção das crianças, porque esta só retornará segundo um ato impositivo ou um jogo que provogue a atenção novamente...

Outra questão: a duração do espetáculo para crianças dessa idade. Esqueci de contabilizar este dado. Mas creio que devo ter ficado no máximo 10 minutos com essa história. Como chegar aos 50 min. É claro que numa estrutura de palco, a iluminação, a inserção de músicas, etc. podem ajudar... pensar...

Experimentar e melhorar:
1. triangulação.
2. a utilização recursos, como uma música tocada, etc., pois fico muito agitada e um elemento mais organizado com antecedência, que me exige uma certa calma, ainda não consegui inserir no trabalho que quero desenvolver... Preciso de mais calma no palhaço.






Um comentário:

  1. parabéns pelo texto bastante informativo..

    seus critérios de observação muito bons tbm.

    estou estudando aqui.

    continue assim Caroline.

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