“Um pingüim do zoológico britânico de Torquay, em Devon, trocou sua família por um animal de pelúcia que custa 4 libras (cerca de R$ 13,4) na loja de souvenir do próprio zôo. A separação foi necessária porque um dos irmãos de Pingu roubava sua comida, fazendo assim com que o animal perdesse peso e ficasse fraco. Solitário e com apenas três semanas de vida, ele ganhou o bicho de pelúcia de quem não se separa, segundo o jornal “Daily Mail”. Deu no G1.
* A primeira imagem é referente ao primeiro marido, no primeiro bar. Meio tímido, esse marido. O segundo marido é o bigodudo lindo. E o terceiro marido é o Rafael, que muito me ensinou...
Ontem eu e Lia passamos em três bares para testar o nosso número PrOcuRA-sE. A idéia é procurar um marido para a minha palhaça, por enquanto. Depois pesquisaremos a inversão dos papéis. A Espoleta (palhaça da Lia) é a agenciadora. Entramos com uma música que escrevemos a letra. Adaptamos um baião popular cearense. Cantamos e eu toco zabumba. Na linguagem do palhaço fica muito evidente a regra: não fracassar com antecedência. Se deixamos o medo de fracassar tomar conta, abandonamos uma certa energia que se apresenta no corpo, no olho e na crença do palhaço de que o que faz é verdadeiramente legal. E o público sente logo essa baixa. Vai tudo no corpo, no modo como nos colocamos no espaço, se nos escondemos atrás de uma pilastra ou uma atrás da outra... No segundo bar não fracassamos. Mas aprendemos também. Eles jogavam dominó. Escutavam a música (com os ouvidos). Os olhos levantavam vez por outra. Mas foi quando a Lia se referiu ao jogo de dominó que sentimos que ouve uma abertura. Aí uma das mesas teve um ganhador. Pegamos o gancho. Eu disse que queria casar com o ganhador. Ele aceitou. Um senhor bigodudo muito lindo. Seu jeito, seu respeito por nós, sua igênuidade e disponibilidade de entrar no nosso jogo. Aprendizado: escutar, escutar e escutar. Receber o que o outro tem. O que o outro é. Quando falamos de algo que era deles, foi o momento em que ampliamos nosso canal de comunicação. A Greice tava conosco. Ela nos acompanhava e nos orientava. Depois de nos observar... de nos escutar... antes de falar ela nos perguntava como nos sentimos, o que vimos, o que percebemos. Estou contente de tê-la conosco. Hoje sim.
Aprendendo com a ajuda do seu olhar sensível, como é que se contrói um palhaço...
Olhar da Greice sobre nós... (fotos acima)Na rua, caminhando...Na parada de ônibus... vazia...Depois (fotos abaixo) no parque do Córrego Grande. Entre acertos e fracassos... procurando e encontrando o que manter e o que jogar fora no nosso trabalho...
o jogo do sapato funcionou... (foto acima) por um tempo... depois, como e quando encaminhar outras propostas quando percebemos que o jogo se esvazia? encaminhar propostas? ou escutar? será que as propostas não estariam dadas pelo público e é preciso mais e mais percebê-las?
Percebam o gesto de aflição da criança... "A palhaça é louca! Ela vai cair!" Ela dizia.
Jogo que funcionou... mas desse dia recebemos outra lição. APRENDIZADO DO DIA: só consideramos uma vitória do jogo, quando for uma vitória da dupla. Porque somos uma dupla. Ganhamos juntas. Ou fracassamos juntas.
* Fotos: Carol - Greice - Lia. Fomos na praça de uma das entradas da UFSC. Nossos momentos mais intensos de interação com as pessoas foram no ponto de ônibus e dentro do supermercado.
A gente optou por fazer um treinamento de palhaço na rua. Eu e a Lia começamos em sala, no intuito de trabalhar principalmente a escuta ampliada entre nós duas. Mas foi na rua que nós encontramos - no momento - um caminho verdadeiro de treinamento para os nossos palhaços. Isso porque grande parte (quase tudo eu diria) do palhaço é a sua relação - com o parceiro, com o público, com os objetos. Por isso, esse caminho nos lança na necessidade de relacionar-se. Saímos eu (Carol), Lia e Greice. A Greice é da Traço. Uma Cia. (http://tracoteatro.blogspot.com/) que trabalha com a linguagem do palhaço. Ela dirigiu o carro. De palhaça. Eu e Lia também estávamos de palhaça. O percurso do carro já é o começo. Nossa instrução foi: não ficar tentando ser engraçado. Apenas relacionar-se com o mundo. Se surgir algo... jogar. O palhaço é ainda uma icógnita pra mim. Essa instrução quer dizer o quê? é pra eu fazer o quê, afinal? Não sei... mas gosto que seja assim. No meu processo pessoal, pensar só atrapalha minha criação e aprendizado artístico. Eu travo... tentando dar respostas puramente mentais à situações que tem de ser respondidas com os sentidos, os sentimentos... o corpo inteiro... em seu conhecimento e memória cerebral, sensorial e emocional, principalmente sensorial e emocional. Instrução da Greice: não avaliar e comentar o processo enquanto estiver no processo. Por fim, pra mim, foi assim. Não sei bem o que se passou. Procurei nada fazer... o menos vale mais... mas faltava em mim uma energia, uma alegria, uma presença que encontrava quando estava no Maricotas que não vejo agora... isso me entristece... mas estou confiante de que continuando nesse processo, vou encontrar um modo de estar no teatro de novo... tem que andar... no teatro e sobretudo na linguagem do palhaço é preciso caminhar... e aprender com os erros...
Carol.
APRENDIZADOS DO DIA...
Uma mulher, na parada de ônibus comentou sobre que bom era ter-nos encontrado naquele dia porque tinha ao menos sorrido em meio a seus problemas. Nós ficamos a seu lado conversando sobre o que a angustiava. Ficamos um tempo. Falei de mim, Carol. Depois disso nossa questão era: o que deveríamos ter feito? E a minha era: por que eu não deveria ter ficado lá conversando com ela, como me dizia a Lia? Aquilo me incomodou... ouço falar do tempo dilatado do palhaço e por que não escutá-la? Fala-se liberdade de sentir e não posso fazer o que sinto vontade? Dias depois, mais precisamente duas saídas de treinamento depois, enxergo a resposta da minha inquietação. Não somos psicólogos, nem babás. Somos artistas e por meio dessa arte escolhemos nos relacionar. E temos nessa arte uma ferramenta poderosa. Uma linguagem com códigos artísticos. E no fundo as pessoas esperam de nós uma relação pela arte quando lá estamos de palhaço. E mais: não podemos nos contaminar com a tristeza do outro. Ao contrário, devemos tentar contaminá-lo. E ao propor outras saídas para a dor (que não seja sentar e conversar - como um ritual para espantar a dor - cantar, pular, oferecer um objeto, uma "piada") podemos tentar mostrar outros modos de se relacionar com o problema. Mas é preciso cuidar para que seja feito de um modo que nem nós, nem as pessoas, sintam que estamos "fingindo" que não vemos sua dor. Sentar e escutar as histórias pode ajudar, mas talvez esse não seja o caminho mais potente da relação do palhaço, que é muito humano, mas também é arte.
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Ainda não apareceu um nome pro meu palhaço. Não um que eu sentisse: é isso!!! Mas alguns nomes surgiram: Carocha - dado pela Lia Dedê - não exatamente um nome, uma coisa, Ésio. Pimbolina - uma criança que encontrei nas ruas de SINOP. Pulguinha - palhaços-professores do circo do conj. Palmeiras, num encontro feliz de aprendizado e energia...eles achavam que eu tinha uma dinâmica inquieta... pilhada... Provisória - num ano novo comemorado em pleno fevereiro de 2010, num feliz encontro entre pessoas especiais, no sítio do Paulo... assim me chamaram pelo fato de não ter um nome... e não é que sou sempre provisória mesmo?
sempre dando forças com sua crença inabalável no que posso construir... quando me desacredito, ela acredita. Ely: Acabei de ver o teu blog! que coisa mais linda essa experiência com as crianças da creche Carol! e concordo com o Glauber- observações excelentes a que vc fez!!!! saudades de tu! me escreve muitão qdo tu puder! rsrs...(esse muitão foi ótimo num foi não??rsrsr....). E tu tá magérrima gata! tá gatíssima viu?
Em tempo: lágrimas nos olhos ao abrir o link da tua dissertação...., acreditar em vc é fácil viu? pq vc me mata de orgulho minha amiga!!!! beijo gdeeee!!! amo vc! [04/05/2009]
Meninas..! nossa..... que pesquisa, que trabalho mais lindo! desde as saídas nas ruas até esse registro-diário do blog.. inspirador. Já li quase todas as saídas e os aprendizados, achei demais essa estrutura. como já comentei com a Lia, fiz apenas uma oficina/dia de clown e achei o palhaço algo de muita intensidade, coragem e verdade (seja o que ela for, mas mexeu com minhas entranhas com o palhaço). eu tenho muita vontade de experimentar denovo mas o medo ainda é maior de tanta nudez e sensibilidade que dá essa coisa! tem que ter calibre....! fiquei orgulhosa de ver essa busca de vcs e acompanharei, mesmo que discretamente pela internet, com muita torcida.