quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Dança - Dia 02 - o que é você?

Pensei em fazer outro blog.
Um para esse momento que é estar num Ateliê de composição Coreográfica.
Mas percebi que era bem nesse incômodo que eu estava parada.
No incômodo que foi hoje pra mim ter dizer-me. E ao falar, ter de me enquadrar nas palavras.
E,
ao tentar, não conseguir, não dão conta elas...
Eu não me sei...
Esses dias, por conta de editais e processos, me vejo tendo de definir-me.
Definição que por vezes me parece boa de fazer porque é um recuo sobre si. Sobre mim. Recuo que pode informar de linhas de forças de um sistema que ao percebê-las pode fortalecer a tua ação. Exemplo, perceber-me dança é entrar nela de vez para encontrar ferramentas de pensamento, de criação, de pensamento-criação (antes que a Thereza me brigue por tratar aqui como temas dissociados).
Lembrei que tive esse mesmo "estalo" quando no curso da Claire eu entendi que no curso a gente criava movimento cênico, o moço vinha nos olhar, dizia do que aquilo lhe remetia em dramaturgia escrita teatral, literatura, arquétipo, o que fosse, e o que ele nos dizia, talvez nos servissem como pistas para voltar ao trabalho com mais elementos orientadores.
Mas por outro lado parece que uma vez que se diz o que é, só se é aquilo.
E ademais, dizer-se que é... pressupõe pensar saber que sabe...
Volto a isso.
Mas preciso dizer do meu incômodo de ter falado da relação com meu pai como atraso na minha relação com arte. Me mostro piegas? Mas o que incomoda é a imagem oferecida? Ou seria o fato de ver que o que parece resolvido pode estar ainda lá?
Os dois, talvez.
E ao mesmo tempo nenhum.... porque eu sei que boa parte do meu atraso está escrito nas minhas profundezas....
O fato é que eu sei, que se não parar de me expor com tanta "fragilidade/medo", posso atrair das pessoas uma relação  de incapacidade em minha direção. E eu sei que posso. Sei que caminhei um bocadinho. Sei...
Posso? 
Posso. Sei. 
Na verdade, sei que posso um algo. Sinto até que pode ter densidade. 
Mas fico sempre com receio do que as pessoas ditas do "meio da dança" pensam que não sou dali.
E no entanto, essa paranoia idiota só me despotencializar... porque eu cá estou... selecionada e convocada a estar junto nesse ateliê.
Ateliê, diga-se, com a proposta de trabalhar a partir das demandas poéticas dos seus "alunos". Modelo que considero básico na formação de qualquer artista. Não (talvez(?)) para o primeiro momento na linguagem, mas fundamental para uma das etapas posteriores.
Um pouco mexida... mas sem saber bem onde.... Vou tentar dormir.
Aqui foi a tentativa de não deixar passar o processo de uma certa etnografia  desse processo.



Imagem do dia 01: apresentação, informes, lanchinho: acolhida.

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