domingo, 12 de setembro de 2010

A bruxa apaixonada e lobo bobo - versão contacão de história.




Ontem eu e o Glauber Holanda (orgulhosamente meu irmão), apresentamos juntos, pela primeira vez em nossas vidas "A Bruxa apaixonada e o lobo Bobo", no "modo contação de história", na Livraria Cultura, em Fortaleza.

Sabe, tem dias que me chateio muito comigo mesma porque não estou fazendo/treinando palhaço com constância. Porque tenho idéias não realizadas, porque não tenho treinado o corpo... mas ontem eu tive a impressão que esse conjunto de coisas que venho fazendo "já é" e reverberam no trabalho. Que conjunto de coisas? As aulas de teatro ministradas na universidade, o curso de palhaço com a Júlia e com o Flávio, as conversas, as intervenções pontuais (como uma meia hora no Festival de Teatro de Guaramiranga)...

Ontem , na livraria, estava cheio, e as pessoas se organizaram de tal modo a permitir a nós um espaço de trabalho (o que não aconteceu muito bem das outras vezes). Foi um dia em que a Ju, responsável pela nossa seleção e contratação, disse que recebeu três ligações perguntando se a contação seria comigo e com aquele magrinho (?,?, podia ser o Miguel, o Tom, o Glauber, e o Vanildo (que quero levar ainda) Gente só trabalho com magricelo!). Foi também um dia, por fim, em que as pessoas ficaram lá. Paradas. A gente se despedindo e elas esperando mais... visivelmente.

Eu dizia pro Glauber... temos no mínimo 24 anos de trabalho de entrosamento... a idade dele. Isso faz diferença...

Tecnicamente, muita improvisação... brincadeira com um pai e outro mais receptivo (sabe aqueles da oficina de contação de história para pais? estavam lá...
um deles, eu incomodo bastante dizendo que isso e aquilo "é do tempo dele"). Achei bonito eles voltarem, eles se deixaram cativar...

uma senhora bonita que fez umas imagens "fotográficas" da chapeuzinho com bolas brancas. Nem precisava da participação dela, matematicamente falando, mas pelo gosto de relacionar-se de estar, foi. E super valeu a pena!... Urubu com gestos micros: uma criança que deu uma aula de interpretação... gestos tão tão sutis, não falava, mas tão verdadeiro, tão entregue ao seu trabalho que arrancou aplausos logo e apenas quando posicionou o corpo para iniciar a atuação.

Tecnicamente, hoje eu mais uma vez encarei meu medo de pausa e de silêncio... pausas e silêncios dilatados... como se uma energia grande me suspendesse no tempo-espaço... e as pessoas ali... conosco... eu muitas vezes com o foco e ele, o parceiro, generosamente reforçando a sustentação do meu foco... coisas de músico... os atores têm muito a aprender com os músicos.

Continuo precisando dominar a triangulação.

Preciso melhorar a redundância da fala e da ação. Senti medo de não ser compreendida só com o corpo e narrava o movimento. Definitivamente não é o que eu quero pro meu trabalho...

Preciso escutar o meu parceiro. Desde a última vez já isso: termino com a impressão de estava muito tempo sozinha, com momentos de jogos em parceria. E acho que isso é um sintoma de que estou escutando pouco meu parceiro.

E daí eu frustrada porque roda, roda, roda, e eu estou na contação de história... pois é né, CArol? A contação no fundo sempre teve de palhaço. Ela ainda tem e se mantem sendo um exercício cênico que alimenta o teu palhaço, certo? Gratidão à vida pela oportunidade.

Gratidão aos magricelos. À Juliana pela oportunidade e aos pais que repetem o passeio do sábado por nossa causa...

Um comentário:

  1. Quando consigo ler cada descrição em seus minimos detalhes, cada palavra me carrega para dentro da historia. Nossa como é bom saber que conhecemos e sentimos as mesmas coisas, mas em mundos diferentes, principalmente quando escuto o clamor " Senti medo de não ser compreendida..." ou até mesmo "...coisas de músico..." Fui arrebatado para dentro da narrativa, me senti parte, porque um dia vivi isso também.

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