terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Paula Palito Palhaça - e o que é que vem daí?!!

Não é que o In Certo virou palhaçada!!!!. - Cena 02



Palhaçaria é padecer no paraíso. Estimulante, desesperador e, principalmente, apaixonante. Estou apaixonada por essa palhaçacinha que criei e não sei como terminar ou melhor começar essa história. Êh! Vida...
Minha noiva-palhaça, alcoolatra e deprimida está muito segura em sua caixa. Poeticamente iluminada, sob um recorte vermelho, ela sofre sendo espionada por sua amiga estranha. E eu sofro também, por saber que terei que abandonar a imagem/estrutura que construir (pelo menos por enquanto) e me aventurar nas incertezas da sala de ensaio crua e da rua expondo/testando seu sofrimento. Será que a noivinha resistirá? Que será dela e de mim reboladas nesse mundão de Deus?
"O palhaço lida com o fracasso. Um bom palhaço tem uma cara de fracassado!" dizia num portunhol encabulado Oskar Zimmerman numa oficina no Theatro José de Alencar ano passado. Foi ele que me lembrou que o palhaço trabalha com erro, com a tentativa. É uma condição paradoxal e porque não dizer trágica: treinar o erro para poder acertar.
E lá vamos nós pela rua...
Olha a palhaça no meio da rua...

In: http://casadeyemanjas.blogspot.com/2010/01/projeto-in-certo-cena-02-in-certos.html

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Esse Monte de Mulher Palhaça – Festival Internacional de Comicidade Feminina

Escrito por As Marias da Graça
Esse Monte de Mulher Palhaça é um encontro que realizamos bienalmente desde 2005. O objetivo é o protagonismo da mulher palhaça e da comicidade feminina.

É um espaço para fortalecer e impulsionar essa profissão, reunir mulheres palhaças e cômicas para apresentarem seus espetáculos, fazer oficinas e discutir temas.

O nariz vermelho foi uma referência exclusivamente masculina durante um longo tempo. Precisamos de um período considerável, para descentralizar essa visão e assim criar novas referências, incluindo o feminino através de novas gerações, para que a mulher possa se consolidar na profissão de palhaça cada vez mais.

O festival, não é como muitos pensam e dizem equivocadamente o “clube da Luluzinha”. Esse pensamento equivocado, vem geralmente de pessoas que estão fora desse processo de busca por uma identidade e de uma igualdade na profissão. Para essas pessoas, um festival onde homens não se apresentam, pode ser entendido como preconceito, como exclusão aos homens. Mas no nosso ponto de vista, é uma forma de colocar mais uma mulher trabalhando.

Quando uma mulher tem como dupla um homem e este não pode se apresentar, essa palhaça não desiste, ela busca uma dupla mulher para fazer com ela. Daí é a nossa missão acontecendo, uma vitória. Já que são duas mulheres com oportunidades de trabalho. E essa palhaça que faz dupla com um homem vai continuar trabalhando com ele, se apresentando com ele em outros festivais. E essa mulher que temporariamente foi dupla desta palhaça, se sentiu estimulada para dar continuidade ao seu trabalho.

Um discurso muito usado para tentar justificar essa desigualdade, é dizer que temos mais homens palhaços que mulheres. Hoje em dia temos muitas mulheres palhaças e se os espaços nos festivais continuarem em desigualdade, realmente teremos sempre menos mulheres. Aí começa o que chamamos de "adequação de personalidade". Para que possam participar dos festivais, elas começam a se "adequar" a um estilo que não é o delas.

Precisamos ter nosso espaço diferenciado, ter um modelo próprio de comicidade cada vez mais em consonância com a realidade da mulher e suas diferenciações.

Esse Monte de Mulher Palhaça é um festival numa estrutura não competitiva, igualitária (dos cachês às oportunidades) para criar, experimentar, trocar, fortalecer a todas as “irmãs de nariz” que estão pelo mundo desenvolvendo seu trabalho com persistência e dignidade, tão necessário quanto gratificante.

Com um modelo que vai na contramão do que existe nos processos de seleção de festivais (seleção através de DVD´s, exigências estéticas, etc.) os critérios para a escolha da programação que temos são:
- Não assistir aos DVDS que nos mandam (pois não nos cabe julgar o que é bom ou ruim)
- Não repetir as artistas que já vieram em programações anteriores
- Escolher uma de cada estado do Brasil, ou de cada país.
- Não ter participação de homens artistas em cena.

Alguns espetáculos e números são desconhecidos nossos, do meio circense/teatral e do público. Oferecemos às nossas alunas espaço para estrearem seus espetáculos ou números. É um festival de incentivo, oportunidade, espaço, concretização, auto-estima e fortalecimento para mulheres. As novas palhaças que tem surgido precisam de espaço e oportunidade para estrear seus espetáculos e números para darem continuidade à profissão.

Assim como na sociedade que vislumbramos, precisamos e fazemos por onde criar um mundo mais igualitário, justo e feliz, também na comicidade há urgência dessa realização. Com certeza mais adiante, quiçá muito em breve, poderemos convidar palhaços de todas as partes do mundo, para estar conosco em “pé” e “nariz” de igualdade nessa nova estrutura de trabalho.

A mulher palhaça em destaque, valorizada, ainda é coisa que culturalmente não se tem como um bom e óbvio lugar a se ocupar. Poucas são as que se destacam em um modelo feminino de sucesso, sem manter os moldes masculinos de atuação.

Mulheres geram vida, podem criar novos modelos, novas lógicas de vida, de humor, integrar subjetividade e objetividade e assim contribuir para novas mudanças e avanços para uma sociedade.

In: http://www.circonteudo.com.br/v1/index.php?option=com_content&view=article&id=2158:esse-monte-de-mulher-palhaca-festival-internacional-de-comicidade-feminina&catid=147:artigos&Itemid=505

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Genifer....

A palhaça que atravesessa parte do Brasil...
no penoso e gratificante aprendizado de ser o que queria ser...
coragem...
por que o medo não nos abandona logo?
ele fica ali...
é com muita peleja que conseguimos colocar ele pra correr...
é com muita peia...
e pra quem não desistir, como ela, a Genifer...
... chega lá..

Nos seus relatos, verdadeiros atos de generosidades para conosco, leitores
Emoções
emoções que brotam pela experiência que é vivida por ela! não por mim...
mas que está em mim...

a arte... o outro... a relação...
intensidades de vida...
aqui:
http://maetoindo.blogspot.com

carol

Clarice Lispector - sensibilidade...

Se Eu Fosse Eu
Clarisse Lispector

Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase “se eu fosse eu”, que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir. E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei. Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo que é meu, e confiaria o futuro ao futuro. “Se eu fosse eu” parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova do desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas a primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.